A jornada até aqui
Desde que resolvi largar uma graduação em Direito, em 2018, para começar a estudar sobre programação e tecnologia da informação, comecei e parei o projeto de criar um site pessoal.
Inicialmente, a motivação era colocar em prática o que estava aprendendo sobre desenvolvimento web e ter algo para mostrar em processos seletivos. Porém, não me dei muito bem com o lado front-end da força (ainda não é meu forte) e por não conseguir fazer as coisas da forma como idealizava (coloquei na cabeça que eu precisava escrever do zero), fiquei frustrado e deixei de lado.
Posteriormente, comecei de novo um projeto, dessa vez com alguma habilidade a mais e expectativas a menos (“talvez fosse mais interessante um design mais minimalista” foi a desculpa que me dei), com a ideia de o site também ser um blog. Entretanto, o que me segurou foi o pensamento “quem sou eu para escrever alguma coisa?” ou “ainda que eu tenha algum conhecimento, por que alguém leria algo que escrevi e não de alguém mais experiente ou mais reconhecido?”, ou ainda “mas ninguém vai ler”. O projeto, mais uma vez, não foi para frente.
Então comecei um estágio na Alura e meu papel era ajudar as pessoas que estudam na plataforma a tirar suas dúvidas sobre conceitos, dúvidas técnicas e problemas com o ambiente de estudo/desenvolvimento, mais especificamente na escola de Devops. Diariamente, eu estava escrevendo respostas no fórum e algumas delas eram tão longas que poderiam ser um post de blog ou um tutorial. Além disso, as pessoas estavam conseguindo resolver seus problemas com minhas respostas, o que me ascendeu uma luzinha: “hum… talvez eu tenha algo para dizer”. Em algum momento desse estágio, ocorreu uma conversa com Paulo Silveira e Gabs Ferreira sobre a possibilidade de as pessoas que trabalhavam no time escreverem mais no blog da Alura, e algumas daquelas limitações que eu me colocava foram embora.
De fato, escrevi um post para o blog da Alura (Curl: como usar e principais opções) que passou pela revisão do Paulo e o feedback foi positivo, então a aprovação de uma pessoa referência na área removeu aquela barreira do “quem sou eu para escrever alguma coisa”.
Posteriormente, trabalhando no PagBank, ajudei na criação de um curso de introdução a Python para as pessoas que trabalham na empresa, todo em texto, e foi um processo que gostei muito de fazer. Pra completar, também recebi feedbacks positivos. Foi o fim das amarras que me coloquei no início da jornada.
Motivos para criar um site/blog
Além de ser uma boa forma de praticar o que aprendemos, fazer um site pessoal é uma vitrine interessante para alguém que trabalha com TI (ou até mesmo pessoas de outra área de atuação). Você pode expor projetos pessoais, mostrar suas habilidades de escrita e mostrar conhecimentos que talvez não estejam relacionados diretamente com a posição que você ocupa no trabalho.
Fora o motivo mais “egoísta”, ainda que alguém mais conhecido (e mais qualificado) já tenha escrito algo sobre algum assunto, cada um tem uma forma de ver as coisas, entende sobre outras óticas ou até mesmo escreve de uma forma que agrada mais a algumas pessoas. Consequentemente, o fato de já ter sido dito não anula o fato de que ainda não foi dito por você. Explicar do seu jeito pode ajudar outras pessoas a entender um assunto.
Por fim, a web está cada vez mais centralizada em grandes plataformas, concentrando todo conteúdo e com isso está ficando (ou já está) muito quadrada. Um sistema que é distribuído por natureza, composto por milhões de partes, está sendo monopolizado por 4 ou 5 plataformas.
Os conteúdos obedecem a um modelo: são curtos e rápidos; quanto mais polêmicos e rasos são, mais engajamento geram.Além de tudo, como consequência, cada vez menos conhecemos as pessoas de verdade, ainda que estejamos “conectados” a elas. Tudo isso para nos manter conectados aos seus aplicativos, praticamente viciados (como mostrado no livro “Dez Argumentos Para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais” - resenha no podcast Segurança Legal), para nos empurrar publicidade.
Acredito que ter um espaço próprio nesse contexto é uma forma de poder dar uma cara um pouco mais humana e pessoal para a web, como já ocorreu em algum momento.
Talvez você também devesse criar o seu
Mesmo que você ainda não tenha uma bagagem muito grande na sua área de atuação, você pode compartilhar o resultado dos seus estudos e pesquisas. Muitas vezes você procura sobre um assunto e tem dificuldade de encontrar um post ou tutorial que tenha aquilo que precisa (ou de forma completa). Talvez você seja a pessoa certa para isso após o processo.
Mesmo que seu conteúdo não entre num hype ou não tenha grande público, poder ajudar alguém que precisa já é grande coisa, além de você estar aprendendo novos conhecimentos e praticando sua escrita.
Conclusão
O resultado dessa história é este post, neste blog, neste site. É simples, mas é de coração (hehe). Quase que não o boto no mundo esperando estar perfeito e completo, mas resolvi errar diferente dessa vez.
Obrigado, Paulo e Gabs, pela semente plantada em 2020, e obrigado, André, pelo incentivo por meio do exemplo.